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Jornalismo, uma vitrine social de muitos desafios

Suzana Tatagiba (*)

Nesta semana, em que estamos nas comemorações do Dia do Jornalista, uma breve reflexão sobre nosso instigante cotidiano profissional.

O Jornalismo sério e bem feito é uma das profissões mais importantes do mundo livre e democrático. É a profissão da curiosidade, da apuração, da leitura, do debate, da preocupação com a realidade do dia a dia da sociedade, da fiscalização dos Poderes Públicos e o canal de interface da comunidade com os poderes constituídos.

Sim, podemos considerar o jornalismo como uma linda e prazerosa profissão, mas… e os jornalistas? Podemos dizer, também, que nossa categoria é formada por homens e mulheres abnegados. Trabalham muito, estão sempre atrás da notícia mais importante, são super cobrados pelas suas chefias, fazem plantão aos sábados, domingos, feriados e trabalham em dobro quando muitos estão se divertindo em ocasiões como, por exemplo, o carnaval.

Mas, apesar da batalha diária, ou seja, quando é necessário  praticamente “matar um leão por dia”, recebem salários aviltantes. Hoje,  o profissional jornalista é um ser humano cansado da jornada excessiva e das agressões de ódio que recebe nas ruas e nas redes sociais por parte de alguns extremistas.

É um profissional exaurido pela quantidade excessiva de pautas, pelo acúmulo de funções, pelo assédio moral e judicial e que enfrenta, também, sérios problemas de saúde – principalmente, lesões por esforço repetitivo (LER) e burnout, dentre outras doenças.

Muitos acabam com a saúde mental extremamente abalada e podemos afirmar com certeza que jornalistas são trabalhadores esgotados.

As mulheres, maioria na nossa categoria, têm as mesmas funções dos profissionais masculinos, mas boa parte não tem acesso a cargos de mando e recebe salários menores. Durante a pandemia, quando a maioria dos jornalistas estava em home office, uma pesquisa da FENAJ apontou  que as mulheres jornalistas estavam exaustas e totalmente esgotadas, pois além de cumprirem as pautas diárias, também cuidavam das crianças, da casa, da alimentação e, em muitos casos, de pais idosos por quem eram responsáveis.

Além de toda a situação precarizada de trabalho e de vida, jornalistas vivem preocupados com os temíveis “passaralhos,” codinome das  demissões que ocorrem nas redações. Mesmo acões como   a desoneração da folha de pagamento, incentivo dado a partir do governo Dilma Rousseff para vários segmentos e com a função de garantir, manter ou aumentar os postos de trabalho, acabam sendo usadas contra trabalhadores jornalistas.

O  setor da comunicação aproveita o incentivo para enxugar suas folhas de pagamento e fazer demissões em massa. Resultado: redações reduzidas e fechamento de postos de trabalho. As empresas de comunicação são cada vez menores, adeptas e praticantes do  jornalismo declaratório pautado pelos Poderes Públicos. Uma forma perversa de cobrir a falta de trabalhadores jornalistas, rompendo com práticas histórias de coberturas mais aprofundadas.

Não bastassem estes problemas, têm aumentado as ações do judiciário a favor,  particularmente, de empresários e de políticos, que contestam reportagens expondo seus próprios erros.

Sem dúvida, fazer enfrentamento a tantas adversidades não é caminho fácil. Requer disposição. Mas requer, sobretudo, que nosso espírito coletivo se materialize, que a gente fortaleça nossos fóruns de representação democrática, que a gente abrace nossas utopias!

E independente dos desafios que vivemos a cada momento, que nesta semana em que celebramos o 7 de abril,  Dia do Jornalista, reforcemos nossos compromissos com a defesa de um mundo mais ético, livre, igualitário e democrático.

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Suzana Tatagiba é jornalista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo, com especialização em xxxxx. Trabalhou em diferentes empresa de comunicação, foi professora de Jornalismo e  atualmente, é coordenadora-geral  do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo, atuando em seu quinto mandato.