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Em Vitória, um debate maduro sobre sustentabilidade

Por Amelia Gonzalez – Thomas Donaldson é um professor de ética nos negócios da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, e autor de uma frase que peço emprestado para parafrasear de uma forma mais romântica, se é que me entendem. Donaldson diz que   “Responsabilidade social é um dos raros tópicos de negócios cuja existência em si é regularmente questionada. Quase ninguém nega, porém, que as questões levantadas sob essa bandeira são importantes”. E eu lhes digo que passar uma manhã discutindo essas questões entre pessoas interessadas genuinamente pelo tema não só é importante como um elixir de vida.

Foi o que houve anteontem em Vitória, no Espírito Santo. Convocado pelo Sindicato dos Jornalistas local, que Suzana Tatagiba preside, começou com uma palestra feita por mim o Ciclo de Palestras que vai até o fim do ano. Se os outros eventos forem do mesmo nível deste, sinceramente acredito que os profissionais de comunicação (público alvo) de Vitória estarão muito bem ferramentados.

Cerca de 250 pessoas, a maioria estudantes, estiveram o tempo todo prestando atenção ao evento e, mais do que tudo, participando. Tivemos, sim, como raramente ocorre em palestras das quais participo, um bom tempo para que a platéia se pronunciasse depois da participação da mesa, composta por Tinoco dos Anjos, diretor da TVE do ES; Marcia Bertoldi, editora da TV Capixaba; Antonio Carlos Leite, diretor de redação de “A Gazeta”; Joel Soprani, editor de “A Tribuna”; Alex Cavalcanti, produtor e apresentador da TV Vitória e Sidemberg Rodrigues, gerente de comunicação, imagem e responsabilidade social da Arcelor/Mittal Tubarão. Sim, havia um representante de empresa entre nós, jornalistas.  Sim, a Arcelor ajudou financeiramente a realizar o evento. E devo lhes dizer que a presença do executivo ajudou a enriquecer o encontro.

Tinoco dos Anjos lembrou que “dentro do sistema capitalista, o grande conflito é que as empresas que poluem também são as que anunciam”; Marcia Bertoldi lembrou que as tevês “fazem uma cobertura superficial ainda do tema sustentabilidade”; Joel Soprani mencionou que “Pensar que a Arcelor seria parceira de um evento como este seria um horror tempos atrás”; Antonio Leite lembrou que “o projeto da Vale para conter partículas de poeira, feito após um debate com os moradores do local foi um avanço” e que os jornalistas deveriam tomar cuidado para não se perder “na idéia comum, de amargor exagerado”; enquanto Alex Cavalcanti alertou para o fato de que nenhum programa de tevê, rádio, jornal ou revista questionou as conseqüências ambientais da descoberta do pré-sal. Sidemberg aproveitou para lembrar que há pessoas trabalhando nas empresas, e a maior é bem intencionada: “Estamos longe de atingir um patamar. Mas o que vocês têm que nos cobrar é uma responsabilidade madura, com conteúdo. A imprensa não pode ser a primeira a saber quando acontece um acidente porque nós precisamos tomar providências antes”.

Deu para dar uma idéia do alto nível do debate? Pois é isso. Estou torcendo para que outros sindicatos de jornalistas, inclusive o nosso, aqui no Rio de janeiro, sigam o exemplo. Precisamos destes espaços para discussão. É o que gera conhecimento, informação, conteúdo para as perguntas. E a parceria entre Sindicato e empresa, não me importa quão inédita é. O que importa mesmo é  o resultado disso.

Amelia Gonzalez – editora da revista Razão Social do jornal O Globo
Texto publicado:
http://oglobo.globo.com/blogs/razaosocial/post

Palestra em Vitória (ES), no dia 3 de setembero de 2008
Realização Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo

Clique aqui para download da apresentação.
* palestra de Amelia Gonzalez