Vigília pelos direitos humanos e liberdade de expressão termina com ocupação da Sejus
Cerca de 200 estudantes, sindicalistas, integrantes de pastorais sociais e do movimento de direitos humanos realizaram, na manhã desta segunda-feira, dia 15/03, uma vigília em frente ao Palácio Anchieta. Ao mesmo tempo em que acontecia o protesto, o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Bruno Toledo, apresentava o relatório da situação carcerária do ES no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Após a vigília, os manifestantes seguiram em caminhada até a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).
Para representar a violação dos direitos humanos nos presídios capixabas, os manifestantes envolveram as escadarias do Palácio Anchieta com faixas roxas e pretas, além de imagens que denunciavam a extrema violência a que estão submetidas as pessoas presas. Além disso, a faixa “As masmorras de Hartung não aparecem em A Tribuna” fez menção à blindagem da mídia local em relação ao governo do estado.
“Esse ato é uma forma de sensibilizar a sociedade capixaba a respeito do que vem ocorrendo nos presídios. São celas metálicas, mulheres vivendo em contêineres, cadeias para adolescentes. Esse é o governo dos esquartejamentos”, disse Gilmar Ferreira de Oliveira, integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos.
Na avaliação da secretária geral do Sindijornalistas/ES, Sueli de Freitas, é preciso que os jornais contextualizem a crise no sistema carcerário do Espírito Santo: "As prisões estão lotadas porque não há política pública de recuperação dos detentos. A reincidência é de 70% no sistema carcerário". Ela também questionou a cobertura dos dois maiores jornais locais. "Por que o colunista Elio Gaspari teve sua coluna vetada no jornal A Tribuna? Por que a notícia sobre a ida do Brasil à ONU para explicar a violação dos direitos humanos nos presídios capixabas só saiu no jornal A Gazeta depois de noticiado na imprensa nacional? Isso se deve ao comprometimento das empresas de comunicação com a política do Governo Paulo Hartung, que prioriza os grandes projetos econômicos em detrimento da população – especialmente o povo pobre – e criminaliza os movimentos sociais. O combate à violação dos direitos humanos deve ser um compromisso de toda a população. Além de defender o direito que toda pessoa tem de ser tratada com dignidade sob a tutela do Estado, temos que lutar para que os presídios sejam de fato espaços de recuperação dos detentos, não escolas do crime”, afirmou.
Após a vigília, os manifestantes realizaram um júri popular das ações do governo estadual, na avenida Jerônimo Monteiro, em frente ao Palácio. Depois, seguiram em caminhada para a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), onde realizaram uma ocupação simbólica, reivindicando uma verdadeira política de segurança pública para o ES.