Sindicato debate a violência contra jornalistas na Assembleia
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas/ES) participou, na noite desta segunda-feira (1/6) da Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) sobre segurança pública, em que foram debatidos os ataques aos jornalistas na Grande Vitória.
O presidente do Sindijornalistas, Douglas Dantas, destacou que “não se combate a violência com mais violência”. Disse ainda que são necessárias políticas públicas que garantam acesso à saúde, educação e outros direitos sociais básicos nas comunidades dominadas pela violência.
Na opinião de Dantas, o governo do Estado precisa assumir que perdeu o controle da segurança e repensar a gestão dessa área. “É preciso também que as empresas repensem a maneira como estão fazendo a cobertura da Segurança Pública para que isso não faça com que os jornalistas que vão às ruas se tornem alvos. Para que essa cobertura não instigue a violência”.
A diretora de Imprensa e Comunicação da entidade, Fernanda Coutinho, destacou a importância do jornalismo policial para a sociedade. E observou que os ataques sofridos por jornalistas e cinegrafistas são ataques inadmissíveis à democracia.
Disse ainda que os ataques também são responsabilidade das empresas de Comunicação. No entendimento do Sindicato, tratam-se de acidentes de trabalho e as empresas devem dar todo o suporte aos profissionais, inclusive psicológico.
Falando em relação às linhas editoriais, destacou que é preciso seguir um protocolo de segurança. “Os profissionais não podem ir a locais de conflito, de homicídio ou acidentes sem que haja a presença das polícias Militar ou Civil, ou da Guarda Municipal.”
A diretora destacou os diversos ataques sofridos por jornalistas de várias redes de Comunicação, que já foram impedidos de entrar em comunidades por traficantes, tiveram arma apontada para a cabeça, e os mais recentes, sofridos por equipes da TV Vitória, afiliada da Rede Record no Espírito Santo.
Nominalmente, prestou solidariedade aos profissionais da emissora, cujos casos foram noticiados pelo sindicato: a repórter Suellen Araújo e o cinegrafista Everaldo Monteiro (a repórter foi agredida em um terminal do Transcol, quando fazia a cobertura da paralisação dos rodoviários, em 13/2/19); a repórter Talita Carvalho e o cinegrafista Willian Obriem, cujo carro da reportagem foi incendiado nas proximidades da Delegacia Patrimonial em 6/5/19; e, no último dia 30/5, o repórter Waslley Leite e cinegrafista Patrick Loureiro, que foram ameaçados durante uma cobertura ao vivo por ocupantes de um veículo em Santos Dumont, Vitória.
O Sindicato cobrou da Secretaria de Estado da Segurança Pública a identificação e prisão dos responsáveis por esses ataques, como o incêndio ao carro e ameaça ao vivo ao jornalista e cinegrafista.
O superintendente de Conteúdo da Rede Vitória, Alexandre Carvalho esteve presente na audiência, assim como repórteres, líderes comunitários e representantes do comércio.
O presidente da Comissão de Segurança, deputado Danilo Bahiense (PSL), anunciou que será produzido um relatório com base nas manifestações feitas durante a audiência pública. Ele informou que os responsáveis pelos ataques foram identificados, mas que mais informações não poderiam ser repassadas para não atrapalhar as investigações.
Os deputados do PSL Capitão Assumção, Coronel Alexandre Quintino e Lorenzo Pasolini (sem partido) também participaram do debate e manifestaram repúdio aos ataques contra os profissionais da imprensa.
Foto: Tonico/Ales