Na Ales, Sindicato cobra transparência na divulgação de dados sobre violência no ES
Além de falar sobre a responsabilidade das empresas de comunicação e do Estado na violência contra os jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas/ES) cobrou transparência na divulgação dos dados sobre a violência no Estado.
Durante Audiência Pública sobre a Segurança Pública realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), na noite da segunda-feira (3/6), a diretora de Imprensa e Comunicação do Sindicato, Fernanda Coutinho, que já atuou como repórter policial, fez uma comparação em relação aos últimos 10 anos. E frisou que um governo que afirma ser referência na transparência tem de facilitar o acesso da imprensa a tais informações.
“Há 10 anos havia três assessores de imprensa dentro do Ciodes (Centro Integrado Operacional de Defesa Social) e todas as ocorrências, sejam furtos, roubos e até homicídios eram disponibilizados em tempo real para a imprensa, para consulta no site da Secretaria de Segurança Pública (Sesp)”, afirmou.
A diretora, no entanto, destacou as dificuldades vivenciadas pelos jornalistas das várias redações do Estado para ter acesso à informação. “Hoje não há mais assessoria de imprensa dentro do Ciodes e as ocorrências não são disponibilizadas em tempo real no site”, destacou.
Discorrendo sobre o sistema de controle da informação realizado pelos últimos governos, falou sobre a burocracia para se ter acesso aos dados. “Hoje você manda um e-mail para as assessorias das polícias, pedindo uma fonte para entrevista e, em muitos casos, o que recebe é uma nota com duas linhas”.
O superintendente de Conteúdo da Rede Vitória, Alexandre Carvalho, em seu discurso, concordou que o acesso aos dados sobre a violência pela imprensa deve ser facilitado.
O presidente da Comissão de Segurança, deputado Danilo Bahiense (PSL), lembrou que, quando atuava como delegado, disponibilizava relatórios das ocorrências para a imprensa, e ponderou que há casos em que as vítimas e testemunhas não querem e não podem ser identificadas.
Novamente concedida a palavra para a diretora, Fernanda Coutinho explicou: “As ocorrências policiais são documentos públicos. Nós, jornalistas, somos regidos por um Código de Ética. Vítimas e testemunhas só dão entrevista se quiserem. A abordagem é feita de forma responsável. E nunca um jornalista vai identificar uma testemunha ou vítima, pois sabe da responsabilidade da nossa profissão”.
A diretora ainda frisou que muitos crimes foram solucionados com a colaboração do trabalho da imprensa. Frisou ainda que, muitas vezes, quando questionado em quais bairros ocorrem mais crimes, o governo responde que “não fornecerá tais informações para não estigmatizar os bairros”.
“É importante refletir até que ponto o objetivo é não estigmatizar o bairro, ou tentar omitir a falta de efetivo da Polícia Militar ou a falta de estrutura da Polícia Civil nesses locais”, concluiu a diretora.
Ela observa que essas são informações a que a sociedade tem direito de ter acesso, por meio da imprensa.
Os deputados do PSL Capitão Assumção, Coronel Alexandre Quintino concordaram que é preciso haver mais transparência na divulgação dos dados sobre a violência. Capitão Assumção concordou que o debate deve ser ampliado.
O diretor do Sindijornalistas, Douglas Dantas, reforçou que é preciso haver políticas públicas e sociais que garantam dignidade aos cidadãos, mas que é preciso haver uma mudança na lei para que os criminosos realmente sejam punidos e ressocializados quando é o caso e a polícia não fique “enxugando gelo”, ou seja, faça o papel de prender e rapidamente criminosos estejam nas ruas porque a lei assim permite.
Foto: Tonico/ Ales