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André Hees responde carta de Padre Xavier

Leia a resposta de André Hees, editor executivo de A Gazeta, à carta de Padre Xavier.

Caros colegas do sindicato,
 
O padre Xavier me enviou um longo e-mail ontem, 10 de março, com cópia para o diretor de Redação da Gazeta, Antonio Carlos Leite. Respondi o e-mail, e disse que sua manifestação seria encaminhada para o editor de Opinião. Publicamos apenas um pequeno trecho, que pode ser lido hoje na página 2. Eu iria sugerir ao padre algumas modificações em sua mensagem, para publicação de um artigo na página de Opinião, inclusive porque o texto está longo demais. Nem sei se há necessidade agora, já que ele deu tanta visibilidade ao texto na íntegra, mas continuamos abertos a contestações, inclusive por parte dele.
Os artigos da página 6 costumam ter entre 2,5 mil e 3 mil caracteres. Amanhã, sexta-feira, 12, por exemplo, sai um artigo na página 6, do professor Antonio Marcus Machado. Ele também contesta o meu artigo de quarta-feira, esse mesmo que o padre menciona agora.
(Aliás, o que escrevi é um artigo, não um "editorial", como diz o texto no site do sindicato. O editorial, vocês sabem, sai no alto da página,  é a posição oficial do jornal, e por isso mesmo nem é assinado: é uma posição institucional.)
O padre havia dito, na última linha de seu longo texto, que publicaria o conteúdo "na rede como forma alternativa de fazer ouvir" sua voz. Tem todo o direito. Só acho que ele poderia também ter incluído a minha resposta, enviada para o seu e-mail. (pexav@bol.com.br)
Acho saudável toda essa polêmica sobre o papel da imprensa, mas acho injusto não distinguir a postura de cada veículo. Outro texto produzido pelo sindicato fala em "censura" do governador Paulo Hartung em "todas as redações" do Estado. Isso não é verdade, mas será alvo de contestação em outra ocasião.
No momento, gostaria apenas de pedir a vocês a divulgação deste e-mail, incluindo a minha resposta ao Padre Xavier, que está logo abaixo:
 
Prezado Padre Xavier,
Obrigado pela leitura e pela atenção dedicada a nosso trabalho. O texto do senhor mostra que ele foi alvo de grande reflexão. Mas me permita algumas considerações.
Entendo que são muito comuns os questionamentos sobre a independência da imprensa, em geral, pelo fato de os governos serem anunciantes. Mas os grandes veículos, incluindo aí a Rede Gazeta, não têm o governo como o seu principal anunciante.
Aqui na Gazeta a Redação e o Departamento Comercial não são interligados. Claro que pertencemos todos à mesma empresa, que busca o resultado positivo nas contas no fim do ano, mas não pautamos o jornal de acordo com nossa carteira de clientes. Governos anteriores, entre eles Vitor, Albuíno e José Ignácio, também eram anunciantes, e foram sempre alvos de duras críticas. Como eu já disse, essa não é a minha área, mas, pelo que sei, os maiores anunciantes da Gazeta são do mercado imobiliário, as grandes construtoras, os supermercados e as grandes redes de lojas, todos da iniciativa privada, não do setor público.
O cliente tem sempre razão, como o senhor diz, mas temos plena consciência de que nosso maior cliente é o leitor. O anunciante vem depois do leitor. Qual é a lógica que deve nos guiar? Quanto mais leitores, mais anunciantes, e quanto mais anunciantes, mais independente é a imprensa, porque ela não fica "na mão" de um ou outro grande "cliente". O primeiro cliente verdadeiro, portanto, é o leitor.
Os cadernos e inserções publicitárias, como o senhor mencionou, são projetos de marketing, que não são produzidos pelos profissionais da Redação.
Eu me referi à exploração política da crise carcerária, mas em nenhum momento duvidei da sua existência: é um fato, é um horror, e o trabalho do senhor e de outros militantes de DH merece, sim, nosso respeito. Lamento efetivamente não ter feito essa ressalva no texto. E vou encaminhar a sua manifestação para o editor de Opinião, para que ele faça o registro.
Por fim, não há nada de estranho no fato de o site Gazetaonline reproduzir um artigo que escrevi no jornal. Sou funcionário da Rede Gazeta, trabalho aqui há 18 anos, faço comentários na CBN, já atuei na TV e na própria rádio. Sei que tenho falhas, e não ter mencionado o trabalho dos militantes dos DH, como o senhor, foi uma delas. Mas tenho orgulho de nosso trabalho. Espero contar com sua compreensão.

Abraço fraterno,
André Hees
Editor Executivo
(27) 3321-8566
twitter.com/andrehees