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É preciso empenho, dedicação e seriedade no trato com a informação

Por Suzy Faria Gomes (*)

Invisível. Era um pouco assim que eu me sentia quando comecei a trabalhar no jornalismo lá pelos idos de 1989.  Trabalhei primeiro com produção de notícias e, naquela função, era difícil ser atendida pois havia o agravante de o programa ainda ter pouca visibilidade, o que dificultava conquistar meu espaço. Era preciso ter habilidade para conseguir as informações, sem ser vista ou conhecida, porque era um trabalho interno, na redação.

Quando fui para reportagem piorou. Baixinha, cabelo fora de moda e fora dos padrões ideais de beleza, eu logo percebi que simpatia não cabia no currículo.  Então, parti para uma outra estratégia e ativei o modo sério e nerd.

Assim foi durante anos para tentar impor a mulher, a jornalista, a profissional capacitada. Mas só consegui isso quando mostrei que minha capacidade de apuração e de conhecimento se equilibrava ou se comparava a daqueles a quem eu entrevistava, fosse o tema que fosse.

Um dos casos em que mostrei minha capacidade, e que ficou bem marcado para mim, foi a morte de um empresário na Praia de Itaparica, em Vila Velha, em um local muito frequentado por quem faz programas sexuais.

O caso aconteceu em 2014. Naquela tarde de sábado me deparei com a ocorrência na DHPP. Fui informada que a vítima não tinha feito programa e, como não apresentava lesão, a suposição de morte natural era a mais forte. Entretanto, algumas evidências que observei me deixaram intrigada. Achei que aquela não deveria ser a causa e que devia haver algo mais. Não me conformei com o óbvio. Segui meu instinto e sugeri ao delegado de plantão da época, que investigasse o golpe do “boa noite cinderela” porque havia muitas evidências sobre tal situação.  

Ele, surpreendentemente, me deu ouvidos. Pediu o exame que deu sugestivo para a droga e o caso, então, foi para as mãos do delegado Josemar Superando, da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio. Resumindo, ao avançar na investigação, o delegado comprovou que o empresário morreu por dose excessiva da droga usada no golpe, e mais do que isto, a polícia conseguiu desmantelar uma quadrilha que aplicava o “boa noite cinderela” em todo Estado. Foi gratificante!

Assim, com muito empenho, dedicação, seriedade, buscando o certo e seguindo meu instinto e, não o óbvio e, sem pensar em desanimar, fui conquistando respeito, credibilidade e espaço.

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*Suzy Faria Gomes é formada pela Ufes (2000/01) em jornalismo. Trabalhou como produtora e repórter na TV Vitória e como repórter na TV Gazeta. Foi assessora no SINDUSCON, no INCRA, no CDL/ Cariacica e no Hospital Evangélico de Vila Velha. Atualmente trabalha como repórter policial na TV Tribuna/SBT. Ganhou dois prêmios de telejornalismo pela Aberj, em 2008 com o tema Obesidade Infantil e em 2013, com o tema Irregularidades na Policia Montada.