Inflação corrói salários dos jornalistas mês a mês
Como a segunda proposta do sindicato patronal, anunciada neste mês, consegue ser mais ridícula que a primeira, fizemos aqui um exercício de seu significado ante a aceleração inflação, que vem corroendo nossos salários desde maio de 2019.
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Tomamos por base duas referências salariais: uma, correspondente ao piso da categoria e, outra, considerando um salário médio próximo ao de um/a redator/a. A ideia é observar quanto a gente perde mês a mês, em reais, na medida em que os índices de inflação foram se acumulando nos últimos três anos.
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Tradicionalmente, nas nossas convenções coletivas, a base de cálculo para a inflação anual tem sido o INPC-IBGE. Entre os meses de maio de 2019 e abril de 2022, a inflação acumulada medida pelo INPC totalizou 23,98%. Nos primeiros doze meses o índice acumulado ficou em apenas 2,46%, mas, entre maio de 2020 e abril de 2021 alcançou 7,59% e entre maio de 2021 e abril de 2022 chegou a 12,47%, numa escalada de ascensão, que nos remete a pensar o quanto fomos perdendo em poder de compra, a cada mês, ante a inflação acelerada nesses últimos três anos.
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Primeiro, observamos que perdemos feio, na última convenção coletiva, pois, só tivemos um reajuste de 4,0%, em maio de 2021, ficando para trás aproximadamente 6,0% que, acumulado à inflação do último período, exige agora um reajuste salarial de 19,21%, para zerar as perdas acumuladas até abril. Isso significa que, para recuperar o mesmo poder de compra de maio de 2019, de acordo com o INPC acumulado, o piso da categoria precisaria estar em torno de R$ 2.674,23, enquanto um salário médio de redator/a a ser pago desde o mês passado deveria estar em pelo menos R$ 4.417,32.
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Porém, para percebermos quão ridículas têm sido as últimas propostas de reajuste do sindicato patronal, precisamos entender que, com a aceleração da inflação, passamos a perder muito mais grana a cada mês que passa. É o que mostra nossa simulação (tema do próximo texto), considerando a hipótese de que, ao invés de reajustes anuais, nossos salários fossem corrigidos mensalmente, de acordo com o INPC apurado pelo IBGE em cada mês anterior.
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Com a colaboração de Hélder Gomes, economista e consultor do Sindijornalistas/ES.
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Edição de Fernanda Coutinho, coordenadora de Negociação Salarial e Mercado de Trabalho do Sindijornalistas/ES.
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Foto de Karolina Grabowska/Pexels