O governo israelense está usando deliberadamente a fome como arma contra a população de Gaza, incluindo jornalistas e profissionais da mídia, que são os únicos a testemunhar as atrocidades em meio à proibição israelense à imprensa estrangeira. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), a qual a FENAJ é filiada, exige que governos em todo o mundo, a Assembleia Geral das Nações Unidas e a comunidade internacional tomem medidas urgentes para pôr fim às violações de direitos humanos cometidas por Israel em Gaza, incluindo as restrições à ajuda humanitária e o risco de vida a que jornalistas estão expostos. A Federação reitera seu apelo ao governo israelense para que permita o acesso de jornalistas estrangeiros ao enclave e pare de infringir o direito do público à informação.

A demonstrator holds a sign reading in Arabic “a hungry journalist writes a report about the hungry” during a protest by journalists against hunger in the Rimal district of Gaza City on July 19, 2025. (Photo by Omar AL-QATTAA / AFP)
A crise de fome na Faixa de Gaza sitiada atingiu níveis novos e surpreendentes de desespero, com um terço da população sem comer por vários dias seguidos. Esta é a conclusão sombria de um alto funcionário do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas em 21 de julho. Os moradores de Gaza estão morrendo por falta de assistência humanitária todos os dias, e isso poderia ser evitado se Israel exercesse a vontade política necessária.
Entre os que passam fome estão jornalistas e profissionais da mídia de Gaza, os únicos que têm noticiado as atrocidades cometidas por Israel no enclave desde 7 de outubro. A proibição imposta pelo governo israelense à imprensa estrangeira, alegando “questões de segurança”, não só impede os jornalistas de fazerem seu trabalho, como também priva o público de seu direito à liberdade de expressão, que inclui o direito de receber e transmitir informações sem interferência de autoridades públicas e independentemente de fronteiras.
O sindicato de jornalistas da Agence France-Presse (AFP), a Société des Journalistes (SDJ), alerta em comunicado que seus colegas em Gaza correm sério risco de fome e exige intervenção urgente para evacuá-los. “Corremos o risco de saber de suas mortes a qualquer momento, e isso é insuportável para nós […] Nos recusamos a vê-los morrer.”
O vice-presidente da FIJ e presidente do Sindicato dos Jornalistas Palestinos (PJS), Nasser Abu Bakr, apelou ao mundo para salvar as vidas de mais de dois milhões de pessoas em Gaza que vivem sem comida, água ou abrigo sob bombardeios, incluindo jornalistas que continuam a reportar apesar dos crimes e da fome. Abu Baker pediu à mídia que “reportasse a tragédia sem precedentes que é o genocídio e a fome que estão ocorrendo em Gaza”.
O Secretário-Geral da FIJ, Anthony Bellanger, afirmou: “É imperativo que o governo israelense pare de usar a fome como arma contra o povo de Gaza. Repórteres locais são os únicos que testemunham as atrocidades de Israel, e matá-los de fome significa silenciar a verdade, o que é considerado um crime de guerra pelo Tribunal Penal Internacional. Instamos governos em todo o mundo, a Assembleia Geral das Nações Unidas e a comunidade internacional a intervirem para deter esta catástrofe causada pelo homem e a pressionarem o governo israelense a permitir a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza e a facilitar a evacuação de jornalistas locais em necessidade.”
Mais de 171 jornalistas e profissionais de mídia palestinos foram mortos em Gaza desde 7 de outubro, de acordo com dados da FIJ.
Fonte: FENAJ