Marcio Pochmann Participa do Encerramento do Curso de Economia para Jornalistas
O último dia do Curso de Economia para Jornalista, na quinta-feira (29), contou com a presença do presidente do Ipea, o economista Marcio Pochmann. Ele ministrou a palestra “Economia e Desenvolvimento”. Na segunda aula do dia o palestrante foi o técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos do Estado, das Instituições e da Democracia, José Carlos dos Santos, que abordou o tema “Estado, Instituições e Democracia”.
Pochmann debateu sobre os cenários econômico, político e social nas sociedades agrária, urbana e pós-industrial brasileiras. Segundo Pochmann, a expectativa de vida no Brasil agrário era de cerca de 34 anos. Essa sociedade era marcada pelo patriarcalismo, por isso, o papel da mulher era de mera reprodutora. “Com 34 anos uma mulher já tinha cerca de 15 filhos”, diz Pochmann, que afirma que essa realidade atendia às necessidades em termos de mercado de trabalho. “Na sociedade agrária as pessoas trabalhavam de segunda a segunda, da hora em que o Sol nascia até o momento dele se por. Portanto, havia a necessidade de muitos braços para trabalhar na lavoura”, explica.
De acordo com o presidente do Ipea, o Brasil abandonou a sociedade agrária na década de 30, dando início para uma nova realidade: o ingresso na sociedade urbana. Para Pochmann, alguns dos acontecimentos que marcaram essa nova etapa foram as três revoluções sexuais. De acordo com ele, a primeira, ocorrida no final da década de 60, ocorreu com a criação dos métodos contraceptivos, separando o sexo da reprodução. A segunda, nos anos 70, separou o sexo do casamento. A terceira, no final do século XX, possibilitou às mulheres não precisar de homens para ter filhos com o advento dos bebês de proveta.
Segundo Pochmann, o Brasil caminha para uma sociedade pós-industrial, na qual uma das principais características é a passagem do trabalho material para o imaterial. “Antes o trabalhador ia para a empresa, cumpria seu horário e ia embora. Para trabalhar ele tinha que estar na empresa, ao contrário do trabalho imaterial, que é aquele que pode ser realizado em qualquer lugar, em qualquer hora”, explica. Outra tendência dessa sociedade pós-industrial é o aumento da expectativa de vida. “As pessoas viverão mais, podendo chegar aos 100 anos. Porém, a natalidade no Brasil está caindo. Teremos um país com grande número de idosos e reduzida quantidade de jovens. Isso terá reflexo na previdência”, explica Pochmann.
Na palestra “Estado, Instituições e Democracia”, José Carlos dos Santos explicou a diferença entre democracia representativa e democracia participativa. “A democracia representativa é exercida por meio do voto, através do qual são eleitos nossos representantes. A democracia participativa diz respeito à atuação direta do cidadão em diversas escolhas e ao exercício da liberdade de se expressar sobre assuntos diversos”, explica. José Carlos citou como exemplo de democracia participativa a Parada Gay de São Paulo e a Marcha para Jesus, realizada por evangélicos. “Esses dois eventos acontecem em datas diferentes, porém, no mesmo lugar. Numa verdadeira democracia é preciso aprender a conviver com esse paradoxo. São grupos com pensamentos distintos que procuram expressar sua maneira de pensar a sociedade, conseguir mais adesão àquilo que defendem e lutar por aquilo que defendem”, afirma.
O Sindicato dos Jornalistas irá realizar outro evento de formação para a categoria. Será uma palestra com o diretor do site jornalístico Congresso em Foco, Sylvio Costa. Com o tema "A Cobertura Política da Mídia", a palestra está prevista para 21 de setembro, no auditório do Hotel Radisson Vitória. Em breve o sindicato irá divulgar mais informações sobre o evento.
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