Mulheres capixabas realizam marcha no centenário do 8 de março
O Dia 8 de Março é considerado o marco mundial da luta pela emancipação das mulheres. Após um século de mobilizações por igualdade de direitos e melhores condições de vida, ainda persistem inúmeras desigualdades, fato que mobiliza diversas organizações e movimentos para a continuidade dessa luta. No Espírito Santo, a data foi marcada por uma Marcha, que saiu da Pracinha de Jucutuquara, em Vitória, em direção ao Palácio Anchieta, na segunda-feira (08/03).
As mulheres capixabas estavam mobilizadas pelo fim da violência e do racismo, contra a mercantilização do corpo feminino e contra as transnacionais, os latifúndios e a monocultura e em busca de políticas públicas específicas eficazes. Além disso, também pautaram a redução da jornada de trabalho.
“A principal conquista das mulheres em um século de lutas foi a saída da esfera privada para a vida pública, o que foi garantido pelos direitos civis e políticos, como o direito ao voto, o acesso à educação, a regulamentação dos direitos no mercado de trabalho”, explicou Edna Calabrez Martins, integrante do Fórum de Mulheres do Espírito Santo.
No entanto, ela ainda disse que, em pleno século XXI, persistem as desigualdades nas relações de gênero em todos os espaços. “O trabalho das mulheres é desvalorizado monetariamente e a representação feminina nas instâncias de poder ainda é muito pequena”, afirmou Edna, que ressaltou que a luta neste dia é necessária, pois ainda não foi efetivada a igualdade nas relações entre mulheres e homens.
Origem da data remonta às lutas das mulheres operárias no início do século XX
Um dos principais acontecimentos que estão na origem do Dia Internacional da Mulher é a greve de operárias que ocorreu numa fábrica em Nova Iorque, em 1857. Nessa ocasião, 129 mulheres que ocupavam o local de trabalho morreram queimadas devido a um incêndio provocado por seus patrões. Esse fato, especificamente, obteve repercussão mundial, mas estudos feministas apontam que greves de mulheres operárias ocorreram entre o final do século XIX e início do século XX em diversos países, o que indica que a luta das mulheres por melhores condições de trabalho nasceu diante de um conjunto de acontecimentos que marcaram esse período.
O contexto da época era caracterizado por precárias condições de trabalho. As mulheres chegavam a trabalhar 17 horas diárias, em condições insalubres, e muitas vezes, eram submetidas a espancamentos e abusos sexuais. Além disso, seus salários chegavam a ser 60% menores que os dos homens. Essa realidade gerou as primeiras manifestações localizadas de mulheres e, aos poucos, essa luta assumiu dimensões e perspectivas nacionais e internacionais.
Durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em 1910, na Dinamarca, a militante feminista Clara Zetkin, propôs que o 8 de março fosse declarado como o Dia Internacional da Mulher Lutadora. No ano seguinte, muitas mulheres se manifestaram denunciando as injustiças, a violência e a exploração a que eram submetidas. Também exigiam direitos sociais, como o direito ao voto. E desde 1910, o dia 8 de março ficou consolidado com Dia Internacional da Mulher.
Há ainda outra versão a respeito da origem do Dia Internacional da Mulher, que remonta às mulheres socialistas da Rússia. Pelo antigo calendário ortodoxo russo, o 8 de março corresponde ao 23 de fevereiro, data que marca o início da primeira fase da Revolução Russa, na qual o czar Nicolau II renunciou ao poder e a Rússia adotou um regime republicano. As mulheres tiveram um peso muito grande nas mobilizações de fevereiro. Há registros de uma grande greve coordenada pelas operárias do setor têxtil que teria iniciado essas agitações; elas pediam o fim da participação da Rússia na I Guerra Mundial, a volta dos militares para suas casas, e pão. Essas mobilizações estavam, inseridas dentro das comemorações do Dia da Mulher e se davam em um momento em que o país estava mergulhado em uma crise política e era seriamente atingido pela fome.