Nota da Comissão de Ética | Solidariedade ao jornalista Rodrigo Rangel
A Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas/ES) presta irrestrita solidariedade ao jornalista Rodrigo Rangel, diretor de redação da revista “Crusoé” e vítima de ato flagrantemente inconstitucional praticado por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao determinarem censura à reportagem “O amigo do amigo do meu pai” de autoria do próprio Rodrigo Rangel e de Mario Sabino.
Um ministro do Supremo não deveria atacar jornalistas nem se confundir com a instituição que integra, o que somente causa indignação e repúdio a todos os jornalistas, hoje solidários e prontos a reafirmar o comportamento ético do companheiro Rodrigo Rangel em sua trajetória profissional iniciada no Espírito Santo ainda na década de 90.
A matéria censurada versa sobre como o ministro Dias Toffoli era chamado nos emails confidenciais da construtora Odebrecht, conforme apurado em inquérito da Polícia Federal.
O presidente da mais alta Corte do país se irritou com reportagem da revista digital revelando que o ministro era tratado, em e-mails internos da Odebrecht, pelo apelido de “Amigo do amigo de meu pai”. Ele foi procurado antes da publicação, mas não quis se manifestar.
A censura foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, escolhido por Toffoli para relatar inquérito onde ele classifica a notícia como um “típico exemplo de fake news” e determinou que a reportagem fosse retirada do ar “imediatamente”. Também mandou a Polícia Federal tomar depoimento dos jornalistas, o que tem óbvio caráter de intimidação.
Ministros do Supremo têm outros meios para se defender de eventuais acusações infundadas, e mesmo de publicações feitas com base em documentos contidos em inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato, como é o caso da reportagem de Rodrigo Rangel e Mario Sabino.
No mês passado, ao anunciar uma investigação sobre supostas ofensas ao Supremo, o ministro Dias Toffoli disse que o tribunal “sempre atuou na defesa das liberdades, em especial da liberdade de imprensa e de uma imprensa livre”. Um mês depois, a Corte usa o mesmo inquérito para censurar uma reportagem sobre seu presidente. Um ministro do Supremo não deveria atacar jornalistas nem se confundir com a instituição que integra, o que somente causa indignação e repúdio a todos os jornalistas, hoje solidários e prontos a reafirmar o comportamento ético do companheiro Rodrigo Rangel em sua trajetória profissional iniciada no Espírito Santo ainda na década de 90. Antes da mordaça, a notícia teve pouca repercussão. Depois dela, ganhou destaque internacional. Esperamos que o Pleno do STF restabeleça o respeito à Constituição, pelo qual ele tem o dever de zelar
Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo