Proposta Indecente – Perda salarial do jornalismo é de 19,21%. Patrões oferecem escalonado, de 4% a 8%
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas/ES) e o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do ES (Sertes) se reuniram na manhã desta quinta-feira (19/05) para dar início à Campanha Salarial de 2022.
No início da primeira rodada de negociação, a diretoria do Sertes apresentou por escrito uma proposta muito aquém da recomposição das perdas salariais de 19,21% que as empresas devem aos jornalistas capixabas.
Eles propuseram uma reposição de parte da inflação devida de forma escalonada aos profissionais:
– Os jornalistas que recebem como salário base até R$ 2.500,00 o reajuste proposto pelo patronato é de 8%.
– Aos que têm o salário base entre R$ 2.500,01 e R$ 4.000,00, o reajuste proposto será de 6%.
– Aos jornalistas que recebem salário base de R$ 4.000,00 o reajuste proposto é de 4%.
Para as outras cláusulas que têm repercussão econômica, como algumas verbas e auxílios, por exemplo, o reajuste proposto é de 6%.
Por fim, o Sindicato patronal propôs a repetição das demais cláusulas que já existem na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho 2021/2022).
A Comissão do Sindijornalistas formada pela coordenadora-Geral, Suzana Tatagiba, o coordenador Jurídico, Douglas Dantas, e pela advogada do Sindicato, Dra. Amabile Biancardi, de antemão afirmou que não aceita nenhum tipo de recomposição escalonada e que também quer discutir algumas cláusulas não econômicas, entre elas, a do teletrabalho e a de Assédio Moral e Sexual, práticas que vêm crescendo no ambiente de trabalho no Estado.
Em seguida, Comissão do Sindijornalistas afirmou que a proposta não repõe nem sequer a metade das perdas dos salários dos jornalistas que há muito tempo vêm perdendo seu poder de compra e, portanto, não aceitarão reajustes abaixo do acumulado da inflação.
Nova reunião com os representantes do Sertes foi marcada para a próxima quinta-feira, 26 de maio.
Inflação acumulada
Nossa categoria chegou a este índice de perda salarial de 19,21%, porque desde 2019 as empresas não estão pagando a reposição da inflação.
Em 2019/ 2020 – a perda foi de 2,46%. Alegando situação difícil por causa da pandemia não pagaram nada. A recomposição foi zero.
Em 2020/2021 – a perda salarial, com o crescimento da inflação, foi de 7,59%. Os dois índices totalizaram uma perda de 10,23%.
Reajuste reivindicado pela categoria. O patronato só deu 4% de reajuste e ficou uma sobra para ser debatida em janeiro de 2022. Entretanto, as empresas em 2022. se negaram a pagar o reajuste devido de 6,23%.
2021/2022 – O INPC acumulado (calculado pelo IBGE) nos últimos 12 meses ( maio de 2021 a abril de 2022) chegou a 12,47%.
Sendo assim, juntando os índices acumulados desde 2019 e descontando o parco reajuste de 4%, concedido em 2021, para zerar todas as perdas salariais até 30 de abril de 2022, os salários dos jornalistas têm de ter recomposição de 19,21%.
Observa-se que a recomposição trata do percentual da perda salarial, é o reajuste de acordo com a inflação. Não é um aumento de salário, que significaria um ganho real no valor recebido.
As análises também estão sendo acompanhadas, no Sindicato dos Jornalistas, pela a coordenadora de Negociação Salarial e Mercado de Trabalho, Fernanda Coutinho. A proposta tem a consultoria do economista Hélder Gomes.
*Editado em 20/5/2022, às 17:40.