Rede Gazeta irá pagar indenização de R$ 60 mil por assédio moral contra cinegrafista

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) confirmou, em Brasília, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Vitória, de condenar a Rede Gazeta a pagar uma indenização ao cinegrafista Francisco Calente Filho, o Chico Calente, no valor de R$ 60 mil, em reclamação trabalhista ajuizada pelo Sindicato dos Radialistas do Espírito Santo pela prática de assédio moral por parte da empresa.

O Sindicato dos Jornalistas também tem uma reclamação trabalhista em favor de todos os profissionais (cerca de 120 jornalistas) das redações dos jornais A Gazeta e Notícia Agora, que, segundo denúncias relatadas ao Sindijornalistas, são vigiados por uma espécie de “capataz” da redação. “Os jornalistas são obrigados a bater o ponto eletrônico e continuar trabalhando”, disse o jornalista Chico Pardal.

Perseguição

Desde que passou a ser perseguido na TV Gazeta, Chico Calente adoeceu e está afastado de suas funções pela Previdência Social, com o contrato de trabalho suspenso. Os fatos que motivaram a reclamação trabalhista de Chico Calente ocorreram em 2006, quando ficou vários dias sem qualquer atividade profissional, sentado na redação da TV Gazeta, de frente para o seu chefe imediato.

A empresa – demonstrando desorganização – demitiu Chico Calente, mas descobriu que ele tinha imunidade por ser da Cipa e foi obrigada a cancelar a demissão do funcionário. Ajuizada a reclamação trabalhista, funcionaram como testemunhas o ex-presidente do Sindiradialistas, Oliveira Alves de Oliveira, e o diretor de Assuntos Jurídicos do Sindijornalistas, o jornalista Chico Pardal. Do lado da empresa, uma das testemunhas foi Helder Luciano (chefe do RH da Rede
Gazeta), que o juiz do trabalho não aceitou ouvi-lo. Dada a sentença, o juiz condenou a Rede Gazeta a pagar uma indenização no valor de R$ 60 mil, mas a empresa recorreu ao TRT, onde perdeu. A instância máxima da Justiça do Trabalho confirmou a sentença do órgão estadual. O acórdão, com a decisão final, foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 29 de agosto passado.

Para o diretor de Assuntos Jurídicos do Sindijornalistas, o jornalista Chico Pardal, este é um fato corriqueiro dentro da Rede Gazeta: “Diariamente sofremos assédio moral. Não existe respeito para com os profissionais de imprensa. Imagino que em outros setores da Rede também deve ocorrer este tipo de abuso. Mas os diretores do Sindiradialistas e do Sindijornalistas estão de olho e cobrando, exercendo nossa função. O Oliveira Alves de Oliveira (diretor do Sindiradialistas) é um lutador em favor dos radialistas que atuam na Rede Gazeta e fora dela. Cada um tem a sua missão, e nós, dos sindicatos, estamos exercendo a nossa com determinação, contra a hipocrisia da Rede Gazeta”, disse Chico Pardal

O cinegrafista Chico Calente, no momento, está em casa, doente, vivendo sob efeitos de remédios. A situação do profissional é tão grave, que, quando soube que havia ganhado a reclamação trabalhista em Brasília, Chico não teve qualquer reação, limitando-se apenas a dizer que gostaria de melhorar e voltar a trabalhar, pois o trabalho estava fazendo falta. Para colegas de trabalho de Chico Calente que o têm visitado, a situação do profissional não é nada boa em razão da humilhação que sofreu por parte de alguns gestores da Rede Gazeta.

A Previdência Social deverá cobrar da empresa os gastos com Chico Calente, conforme nova política da entidade federal. Os dois Sindicatos já estão colaborando com a Previdência com as informações solicitadas.