TV TRIBUNA PRATICA ASSÉDIO MORAL
O assédio ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que acontece desde que existe o trabalho. O que é novidade é a sua intensificação, gravidade, amplitude e banalização. Entre os jornalistas pernambucanos as notícias de casos de assédio moral vão se avolumando e chega, agora, a vitimar a diretora do SinjoPE, Veruska Lima, funcionária da TV Tribuna. O caso está sendo discutido na Justiça do Trabalho onde corre um processo contra a TV Tribuna sob acusação de prática de assédio moral. Dia 28 de setembro haverá uma audiência de instrução, às 09h50, na Segunda Vara de Conciliação e Julgamento do Fórum de Olinda.
Veruska foi afastada do ambiente da redação há sete meses. No dia 21 de janeiro, ela foi informada que passaria a ocupar a sala onde ficavam os estagiários e estes foram para a redação. No início, o isolamento imposto foi apenas em relação ao local de trabalho. Ela não podia mais trabalhar na redação junto com o restante da equipe. A partir de fevereiro, lhe foram retiradas as suas atribuições. Ou seja, há seis meses que ela comparece ao trabalho, normalmente, mas não recebe qualquer tarefa do jornalismo. Segundo o relato de alguns colegas, que por motivos óbvios não vamos identificar, a empresa teria dado ordens expressas para que Veruska não receba qualquer tipo de tarefa.
Profissional experiente, Veruska trabalha na TV Tribuna desde 1999, com interrupção do vínculo por oito meses. Ela foi dispensada em 2008 e retornou em 2009. De 1999 até hoje, Veruska desenvolveu várias funções na TV Tribuna. Foi repórter, apresentadora, editora e produtora.
Cronologia do assédio -O comportamento da empresa mudou com Veruska depois que ela ingressou na diretoria do SinjoPE, em julho de 2010. Ainda na fase de campanha ela ouviu de colegas que não “deveria ter entrado no Sindicato”, “que a empresa não gosta de quem é do Sindicato”, mas não acreditou que isso fosse além de recados para desestimulá-la. Não foi imediato. Ela era repórter e chegou a tirar a licença maternidade de uma colega que apresentava o Cotidiano, durante 20 dias. Foi surpreendida quando, um dia, após apresentar o jornal, participar da reunião de pauta e ir para casa, recebeu um telefonema de uma das chefes de reportagem avisando que a partir do dia seguinte estaria de volta à reportagem e que seu horário seria mudado. Ela passou a cumprir o turno das 7 às 13 horas. Em novembro de 2010, nova mudança. Veruska foi
comunicada, numa sexta feira, que a partir da próxima segunda-feira ela passaria para o turno da tarde, trocando com uma colega. Procurando a outra repórter nova surpresa. A colega não solicitou a troca, mas foi informada da mudança de horário com três dias de antecedência. Tratamento bem diferente do que foi dado a Veruska.
Empresa autuada – A situação se agravou depois que o SinjoPE apresentou reclamação contra a TV Tribuna, na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho (SRTE), por descumprimento do acordo coletivo no tocante ao pagamento das horas extras e a não programação das escalas de final de semana. Veruska representou o Sinjope, junto com outros diretores, na primeira mesa de entendimento, dia 1º de dezembro. Ao retornar das férias, no dia 31/12, foi informada de sua saída da equipe de reportagem. A empresa alegou que Veruska “não poderia mais representar a TV Tribuna porque se colocou contra ela na SRTE”. Segundo o entendimento da empresa quando Veruska ia à rua empunhando um microfone com a marca da Tribuna a está representando. A tentativa de intimidação da empresa não surtiu resultados. A Tribuna foi autuada pela SRTE por excesso de jornada de trabalho e ausência de intervalo entre as jornadas.
Outros casos – Em nível nacional os casos se multiplicam. Em 2003, o jornalista João Pascale ganhou ação contra a Federação Espírita de São Paulo, onde trabalhava há 15 anos. Em 2006, a Rádio Jovem Pan (SP) foi condenada a pagar R$ 2 milhões ao apresentador Mílton Neves que alegou ter sido forçado a pedir demissão depois que foi “fritado” e “colocado na geladeira” pela rádio. Em Minas Gerais, os juízes do Tribunal Regional do Trabalho acataram, recentemente, uma cláusula da pauta de reivindicações do Sindicato dos Jornalistas que estabelece: “as empresas, juntamente com os sindicatos patronais constituirão uma comissão paritária de ética, visando apurar as denúncias de práticas de assédio moral cometidas por quem detém cargo de chefia”.