Violência contra jornalistas no ES: mais casos vêm à tona
Com a repercussão da violência sofrida pelas equipes da Rede Gazeta e TV Vitória no último domingo, vieram à tona mais dois casos de agressão contra jornalista no Espírito Santo. No dia 4 de outubro, após o debate entre os candidatos a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, na TV Gazeta Sul, o jornalista Renilson Chagas foi agredido por correligionários do candidato e atual deputado estadual Glauber Coelho (PR), na porta da emissora. Em outras ocasiões, uma jornalista que trabalha no mesmo município foi agredida pela segurança de uma creche e ameaçada de morte por desconhecidos.
Renilson, é dono de uma produtora, que prestava serviço para a equipe de comunicação do prefeito e candidato a reeleição Carlos Casteglione. Em entrevista ao Sindijornalistas, ele relatou a agressão sofrida. “Com os ânimos acima do limite, começou uma pequena confusão. Os cabos eleitorais e prestadores de serviço do candidato adversário partiram para cima da gente, sem necessidade, me acertaram uma ‘pesada’ pelas costas”, lembra Renilson. As agressões não foram somente físicas, pois também foram feitos atos de vandalismo. “Não satisfeitos, ainda arranharam toda a pintura do meu carro”, relata o jornalista.
O Sindijornalistas entrou em contato com o deputado Glauber Coelho. De acordo com a assessoria de imprensa do parlamentar, o deputado e sua equipe não presenciaram a agressão, não foram comunicados oficialmente sobre o assunto e estão abertos à diálogo com o jornalista para que ele possa apontar os agressores.
A outra agressão contra jornalista no município de Cachoeiro ocorreu no primeiro semestre deste ano. Uma repórter foi apurar denúncia contra uma creche em Presidente Kennedy, que foi acusada de criar o “quartinho do castigo”, onde os alunos ficavam trancados. “Quando cheguei ao local fui impedida pelo segurança de gravar imagens do lugar onde funcionava a creche. A minha intenção era gravar a passagem lá na frente”, recorda a jornalista, que não se intimidou e continuou a fazer seu trabalho, pois estava em um local público, já que a gravação não seria dentro da escola. “A segurança veio para cima de mim, pegou no meu braço com uma mão e, com a outra, tentou tirar o microfone, relata.
De acordo com a repórter, a gravação foi possível somente com a chegada da Guarda Municipal. Essa não foi a única vez que a jornalista foi vítima de violência. “Uma vez dois homens com um carro cuja placa era de Iúna, foram à noite na TV e perguntaram se eu estava lá. O vigia disse que não. Então eles disseram que eu era a X9 da TV, que eu devia tomar cuidado, pois estava falando demais. E disseram para o vigia algo sobre terrenos ilegais em Iúna. Porém, ninguém na empresa lembrava de alguma matéria sobre esse assunto”, diz. Ela ressalta que, no interior, as agressões contra jornalistas são algo corriqueiro. “A situação lá é muito complicada, mas sempre contamos com a ajuda da polícia”, relata.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo pede para que os trabalhadores não deixem de relatar esse tipo de acontecimento para a entidade. “Quando o jornalista sofre algum tipo de violência, seja ela qual for, ele tem que procurar o sindicato, pois nós disponibilizamos a assessoria jurídica para os profissionais filiados”, esclarece a presidente do Sindijornalistas, Suzana Tatagiba.
Ela acrescenta ainda que, ao saber do ocorrido, o sindicato encaminha a informação para a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Anualmente, a Fenaj elabora um relatório no qual destaca, entre outra informações, quais são os principais tipos de violência contra jornalistas em cada localidade. “Dessa forma, torna-se mais fácil pensar em propostas de âmbito nacional e local para combater esses crimes”, explica Suzana.