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Frente ao descaso de A Tribuna com alimentação, jornalistas fazem vaquinha

 Empresa não oferece condições mínimas para jornalista se alimentar e cobra altos valores em cantina

 Os jornalistas de A Tribuna encontraram uma saída um tanto quanto inusitada diante do descaso dos patrões em relação à alimentação de seus funcionários. Os trabalhadores, que são obrigados a exercer suas atividades num ambiente onde não há utensílios essenciais para garantir a qualidade de vida dos jornalistas, fizeram uma “vaquinha” para comprar uma geladeira. Diante disso, a empresa chegou até a propor que assinassem um termo de compromisso no qual os jornalistas se responsabilizam por qualquer problema de saúde proveniente da ingestão de alimentos guardados no eletrodoméstico.

 

O assessor jurídico do Sindijornalistas, Dr. André Moreira, esclarece que não há, na legislação, nada que obrigue a empresa a colocar uma geladeira ou qualquer outro utensílio doméstico no ambiente de trabalho. Contudo, os jornalistas têm garantida por lei a carga horária de cinco horas diárias e intervalo de 15 minutos para alimentação. Porém, isso não é colocado em prática em virtude das péssimas condições de trabalho impostas pela empresa. “A quantidade de profissionais nas redações é muito reduzida e a demanda de trabalho é enorme. Os jornalistas estão sobrecarregados e passam muito mais de cinco horas dentro da redação num ritmo de trabalho intenso. Por isso, eles acabam criando uma obrigação de que não podem parar nem um segundo, nem para sair das dependências da empresa, comprar um lanche e se alimentar adequadamente”, explica o assessor jurídico do Sindijornalistas.

Segundo a nutricionista Nannachara Simões Mariani, essa realidade interfere bastante na qualidade da alimentação dos jornalistas. “É essencial para qualquer pessoa ingerir diariamente vitaminas e proteínas, que são encontradas principalmente em alimentos perecíveis, ou seja, que precisam de refrigeração, como frutas, iogurte e sanduíches naturais. Se a pessoa tem um ritmo de trabalho tão intenso a ponto de não poder ir a uma padaria ou lanchonete, por exemplo, uma das saídas é levar algo de casa. Contudo, se não há um lugar para armazenar esses alimentos, conseqüentemente eles deixam de fazer parte do cardápio dessas pessoas”, afirma a nutricionista.

Uma das opções para quem não participou da “vaquinha” da geladeira e não tem onde armazenar alimentos trazidos de casa é comprar lanches na cantina da própria empresa, cujos preços não são nada acessíveis. Nesse caso, todo o valor gasto com alimentação é descontado no contracheque. Para a presidente do Sindijornalistas, Suzana Tatagiba, essa situação mostra a necessidade da categoria se mobilizar para alcançar algumas conquistas que já vêm sendo pleiteadas por meio de convenções coletivas. “Ao invés de descontar o valor do lanche no salário do trabalhador, a empresa deveria pagar aos jornalistas o ticket alimentação, que tem sido negado nas negociações que temos feito com os sindicatos patronais”, defende Suzana.